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Abertura de empresa no comércio de SP cresce 8,8% em 2023
Um dos indicadores de que o comércio vai bem ou não é o sobe e desce no número de abertura de empresas em um determinado período.
Se diminui, é provável que as condições macroeconômicas não estejam tão favoráveis ao consumo. Se cresce, ao contrário, pode ser a consequência de um mercado mais aquecido.
Considerando essa premissa, a notícia é boa para o comércio paulista. No ano passado, o número de abertura de novos estabelecimentos comerciais subiu 8,8% em relação a 2022.
Em 2023, a Receita Federal registrou 671,7 mil CNPJs ativos no setor no estado de São Paulo e, em 2022, 617,1 mil. Os dados foram levantados pela CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Em um ano, portanto, quase 55 mil novos estabelecimentos comerciais surgiram no Estado, um sinal de que o consumo reagiu, após o período crítico vivido durante a pandemia.
A pergunta que se faz é onde estão os milhares de novos lojistas, se em regiões comerciais e em shoppings espalhados pelo Estado os espaços vagos e os tapumes ainda persistem?
Fábio Bentes, economista da CNC, responde. “A interpretação que se faz desses dados é que o impulso ao setor do varejo foi dado pelo e-commerce, não pela loja física.”
Bentes fala em ‘interpretação’ porque nos novos CNPJs cadastrados pela Receita Federal não há distinção entre loja física e on-line.
Bruno Lee acaba de lançar duas marcas, a B&B e a B&C, especializadas em modinha feminina, para venda exclusiva no formato digital.
Depois de 30 anos no bairro do Bom Retiro, a sua família decidiu fechar a loja de atacado na Rua Aimorés. “Como preciso trabalhar, abri a minha empresa”, diz Lee, 27 anos.
Os catálogos das peças são enviados por WhatsApp para os lojistas, que também podem ver os produtos em um showroom montado na Rua Ribeiro de Lima, com 12 funcionários.
“Este é o caminho. Quando meu pai abria a porta da sua loja, já tinha um custo de R$ 600 mil por mês”, diz Lee, que espera faturar R$ 500 mil por mês já no primeiro ano.
Exemplos como esses se multiplicam no bairro do Bom Retiro, com a entrada da segunda geração nos negócios da família. “As vendas na loja física estavam horríveis”, diz Lee.
Os dois setores que registraram maior crescimento em número de CNPJs foram hipermercados e supermercados, de 10,6%, e vestuário e calçados, de 10,2%, no período.
É provável, diz Bentes, que, no caso de vestuário e calçados, além do efeito e-commerce, lojistas trocaram lojas maiores por menores, uma tendência no setor.
O setor de móveis e eletrodomésticos registrou alta de 8,6%, de artigo pessoal e de uso doméstico, de 7,1%, de livraria e papelaria, de 6,9% e de combustíveis e lubrificantes, de 3,5%.
PORTE
Os números da Receita Federal também mostram que são as micro e pequenas empresas que estão dando impulso ao setor de comércio.
O aumento de micro empresas (faturamento anual até R$ 360 mil), no período, foi de 8,2%, de pequenas (até R$ 4,8 milhões), de 13,6%, e, de médias e grandes, de 6,8%.
“Os dados mostram que as empresas menores estão crescendo o dobro da velocidade das médias e grandes. São empresas de entregas, espaços em contêineres, loja virtual”, afirma.
Também tem aparecido nos bairros muitos comerciantes que operam com apenas uma portinha, especialmente no ramo de alimentação, com impacto nas aberturas de lojas.
Aldo Macri, presidente do Sindilojas SP, diz que, curiosamente, se vê dois movimentos acontecendo em São Paulo.
Aberturas de novos negócios concentradas em e-commerce e em microempresa e fechamento de lojas tradicionais, especialmente em bairros comerciais, como Bom Retiro e Brás.
É um fato também, diz, que muitos comerciantes fecham as portas e não fazem o cancelamento do CNPJ porque têm dívidas, situação que atinge 90% das empresas.
MUNICÍPIOS
De 116 municípios paulistas considerados, os que têm pelo menos 0,10% de lojas do Estado, quem mais se destaca em aberturas de CNPJs é Cajamar, com aumento de 27% ou 331 pontos.
Por estar próxima de São Paulo, Cajamar, com uma população de cerca de 78 mil habitantes, tem atraído muitas empresas de logística, especialmente nos últimos anos.
Em segundo lugar aparece São Roque, com aumento de 12,2% (144 lojas), e em terceiro, São Paulo, com alta de 12% (22.772 lojas). Itapevi e Barueri registram aumento de 11% cada.
Outras cidades do Estado também mostraram alta no número de CNPJs no setor de comércio, como Jundiaí (8,8%), Campinas (7,2%) e Ribeirão Preto (7,4%).
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