A taxa de empreendedorismo no Brasil atingiu, em 2024, seu maior índice desde 2020, alcançando 33,4% da população adulta, de acordo com dados do Monitor Global de Empreendedorismo (Global Entrepreneurship Monitor – GEM 2024). A pesquisa, considerada a principal referência internacional na mensuração da atividade empreendedora, é conduzida no país pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe).

O percentual representa um crescimento em relação ao ano anterior, quando a taxa registrada foi de 31,6%. O estudo mostra que, atualmente, cerca de 47 milhões de brasileiros estão à frente de algum tipo de negócio, seja formalizado ou não. Esse avanço é atribuído, principalmente, ao aumento na proporção de empreendedores com negócios consolidados — aqueles que estão em operação há mais de três anos e meio.

A Taxa de Empreendedores Estabelecidos subiu de 8,7% em 2020 para 13,2% em 2024, o que elevou o Brasil da oitava para a sexta posição no ranking global desse indicador, superando economias como Reino Unido, Itália e Estados Unidos. Essa mudança sinaliza um crescimento na sustentabilidade e longevidade dos negócios criados no país, fator que também impacta a geração de empregos e a formalização da economia.

O relatório também identificou crescimento na chamada Taxa de Empreendedorismo Total, que abrange tanto os empreendedores estabelecidos quanto os chamados empreendedores iniciais — aqueles com até 3,5 anos de atividade. Esse índice passou de 30,1% para 33,4% entre 2023 e 2024, o que reforça o aumento da participação da população adulta em atividades empreendedoras.

A edição de 2024 do GEM no Brasil foi composta por entrevistas com 2 mil adultos residentes no país e 58 especialistas em empreendedorismo. O estudo, realizado desde 1999 em mais de 120 países, tem como objetivo fornecer uma análise detalhada sobre as motivações, desafios e características do ambiente empreendedor em diferentes contextos socioeconômicos.

Além dos indicadores quantitativos, o relatório também considera fatores como percepção de oportunidades, medo do fracasso, capacidade percebida para empreender e intenções de empreender nos próximos três anos. A análise desses dados ajuda a compreender o comportamento empreendedor da população brasileira, os obstáculos enfrentados por novos negócios e as condições para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas ao fomento do setor.

O crescimento observado em 2024 ocorre em um contexto de transformação digital, ampliação do acesso a ferramentas de gestão e aumento da oferta de crédito para micro e pequenas empresas. Especialistas apontam que o fortalecimento do empreendedorismo estabelecido é um indicativo positivo, pois tende a refletir maior maturidade nos negócios, melhores índices de sobrevivência empresarial e impacto positivo na economia nacional.

Para os analistas do Sebrae e da Anegepe, os dados do GEM 2024 reforçam a importância de se investir em capacitação, acesso a mercado e políticas públicas que estimulem o empreendedorismo de forma estruturada. Nesse sentido, o avanço da formalização e a redução da informalidade ainda figuram como desafios importantes a serem enfrentados para que o crescimento do empreendedorismo no Brasil se traduza em maior inclusão econômica e desenvolvimento sustentável.