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Nem-nem que nada... a Geração Z quer empreender
Grégory Parisotto tinha apenas 19 anos quando fundou a Razor ao lado de seu irmão, André Reichert, na garagem de casa. A empresa, fabricante de computadores, desktops e laptops de alta performance, foi avaliada em R$ 52 milhões em 2022.
José Bento, de 27 anos, e Guilherme Andrade, 26, começaram em 2021 a Minimal Club, grife de vestuário minimalista. Com um aporte inicial de R$ 30 mil, a marca foi avaliada em R$ 25 milhões em 2022 e em 2023 já tinha uma rede de assinatura com cinco mil clientes ativos.
Esses empresários, listados na Forbes Under 30, são exemplos de empreendedores da Geração Z, constituída por nascidos entre 1995 e 2010 - e não são os únicos.
Segundo uma pesquisa realizada pela ZenBusiness, dos mil jovens entre 18 e 25 anos entrevistados, 93% adotaram medidas para criar seus próprios negócios e 82% revelaram que se sentem mais adequados para empreender do que para seguir uma carreira tradicional.
A pesquisa ainda revela que 80% dos entrevistados consideram sua geração mais adequada ao empreendedorismo do que a de seus pais, devido às mídias sociais e à tecnologia.
No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Monitor Global de Empreendedorismo mostra que, em 2022, os jovens entre 18 e 24 anos estavam à frente de 20,4% dos empreendimentos novos e nascentes, enquanto os jovens entre 25 e 34 anos representam 22,9% desses negócios.
Outra pesquisa, esta realizada pelo 300 franchising, aponta que houve um crescimento de 10% na aquisição de franquias por menores de 24 anos, incluindo aquelas que contaram com apoio dos pais.
Para Thaís Giuliani, especialista na Geração Z, esse grupo preza muito pela flexibilidade e qualidade de vida, por isso muitos jovens têm encontrado desafios para se acostumar com o mercado de trabalho, principalmente nas empresas mais tradicionais. E o empreendedorismo se torna uma oportunidade para eles conseguirem essa flexibilidade.
“Existe um mito de que a Geração Z não tem interesse por cargos de liderança. Ela tem interesse, a diferença é que esses jovens querem equilíbrio entre os cargos de liderança e a qualidade de vida”, afirma Thaís, que explica que esse grupo enxerga muitas vezes os profissionais nesses cargos como pessoas que não possuem saúde mental e que trabalham excessivamente, sendo uma referência que os afasta dessas posições.
Entretanto, quando eles encontram equilíbrio entre a vida pessoal e profissional nesses cargos, são muito bem aceitos por essa geração.
Diferentemente de outras gerações, a Geração Z está mudando os paradigmas do mercado de trabalho, de acordo com Thaís. Por ser uma geração que tem dificuldade em se adaptar às hierarquias verticalizadas, ela prefere uma comunicação aberta. Ela é naturalmente nativa digital, por não conhecer o mundo sem internet, e movida por um propósito, por isso sente essa vontade natural de empreender.
Uma vez que ela não encontra empresas compatíveis com o seu perfil, a Geração Z prefere empreender, para seguir seu propósito de vida.
De acordo com a pesquisa do Monitor Global de Empreendedorismo, dos 47,7 milhões de empreendedores potenciais, 21,5% têm entre 18 e 24 anos e 28,6% têm entre 25 e 34 anos, sendo esta a maior porcentagem, evidenciando o crescimento do interesse da Geração Z pelo empreendedorismo.
Entre as motivações para abrir o próprio negócio, 76,5% escolheram o empreendedorismo para fazer a diferença no mundo.
Além disso, Thaís destaca que, por ser composto por jovens nativos digitais, esse grupo possui maior interesse em empreender em áreas tecnológicas, ambientais e ONGs, e possuem menos interesse por áreas como hotelaria, turismo e agronegócio, por possuírem uma alta carga horária.
Esse interesse pelo empreendedorismo também é motivado pela busca por estabilidade financeira, uma característica passada pela Geração Y (1981-1994), assim como a conectividade, de acordo com Thaís.
Para José Marquês, professor de negócios na faculdade do Sebrae, a Geração Z ainda é rotulada por grande parte da sociedade como uma geração nem-nem, ou seja, jovens que nem estudam, nem trabalham. Assim, o empreendedorismo vem como um alavancador de carreira na vida dessas pessoas.
“Essa geração entende o peso da tecnologia e começa a perceber que as oportunidades do mercado vêm diminuindo, mas que novas oportunidades estão surgindo no mundo dos negócios”, diz Marquês.
O professor lembra que, pelo fato de a Geração Z ser nativa digital, é preciso que esses jovens aprendam a dosar essas informações que estão recebendo, para aprender a usá-las a seu favor dentro do empreendedorismo.
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