Utilitários Contábeis

O país das metas não cumpridas


23/10/2015
Brasil
Bloomberg

Imagine um país que tem uma meta e, se está difícil cumprir, muda a meta ou aumenta o prazo para atingir a meta.

E imagine que estas mudanças ocorram nas duas principais vertentes da política econômica, praticamente ao mesmo tempo.

Dá para confiar que a nova meta será cumprida?

Olhando isoladamente para 2015, dá para entender a decisão do Copom ontem de retirar a menção à meta de inflação em 2016 e trocar por uma expressão mais vaga.

Agora, o BC vai perseguir a meta de 4,5% em um "horizonte relevante".

O próprio mercado, que projeta este horizonte em cerca de 2 anos, já esperava uma mudança.

Afinal, a expectativa para o IPCA no ano que vem está convergindo para o teto, e não o centro da meta. Considerando-se que a política monetária normalmente afeta a inflação em cerca de um ano, atingir a meta em 2016 seria muito difícil.

Ou exigira uma dose cavalar de alta de juros que o BC não parece disposto a executar diante de uma recessão prevista em cerca de 3% para este ano.

Seria mais fácil para o mercado compreender o BC se 2015 e 2016 fossem pontos fora da curva em termos de cumprimento da meta, o que não são.

Este ano, com o IPCA rumando a 10%, praticamente foi ignorado pelo BC, que desde o começou jogou a toalha sob o argumento de que o aumento das tarifas tornaria inglória a tarefa de cumprir a meta.

Nos anos anteriores, contudo, o cenário foi mais favorável à inflação. As tarifas e combustíveis estavam sob controle, o câmbio menos volátil, e, mesmo assim, o IPCA superou a meta em todos os anos desde 2010.

"Este banco central tem trabalhado com baixa credibilidade há muito tempo", diz Paulo Vieira da Cunha, economista chefe da Ice Canyon em Nova York e ex-diretor do BC.

Para ele, o comunicado divulgado nesta quarta-feira mostra o BC reconhecendo a realidade de que não terá como atingir a meta em 2016.

"O jogo está com a política fiscal", diz Vieira da Cunha. Para ele, o ponto positivo nas revisões da meta é que o governo está mostrando maior atenção ao "ritual institucional".

A revisão da meta é uma exigência da lei nos casos em que o cumprimento se torna inviável. "O TCU está de olho".

A maior transparência, contudo, não alivia o fato de que o resultado é "péssimo", diz o economista.

Quando assumiu a Fazenda, Joaquim Levy anunciou meta de superávit primário de 1,1% do PIB para 2015.

Alguns analistas consideraram o número baixo, pois a estabilização da dívida exigiria no mínimo 2%.

Ainda assim, a meta foi revista para 0,15%. Agora, as especulações apontam para nova revisão, assumindo um déficit de quase 1% do PIB, perto de R$ 50 bilhões.

A meta fiscal para 2016 também corre risco.

As pedaladas que ameaçam o mandato de Dilma Rousseff, com contas de 2014 pesando em 2015, podem ser parceladas, deixando restos para 2016.

O jornal Valor disse que a presidente estaria defendendo uma certa "flexibilidade" para a meta do próximo ano.

Seria mantida a meta original de 2016, de superávit de 0,7%, mas o governo ficaria desobrigado de rever a meta em caso de choques.

Em outras palavras, o país teria uma meta, mas tudo bem se não cumprir a meta.

Texto confeccionado por: Josue Leonel


O nosso site usa cookies

Utilizamos cookies e outras tecnologias de medição para melhorar a sua experiência de navegação no nosso site, de forma a mostrar conteúdo personalizado, anúncios direcionados, analisar o tráfego do site e entender de onde vêm os visitantes.

Centro de preferências de cookies

A sua privacidade é importante para nós

Cookies são pequenos arquivos de texto que são armazenados no seu computador quando visita um site. Utilizamos cookies para diversos fins e para aprimorar sua experiência no nosso site (por exemplo, para se lembrar dos detalhes de login da sua conta).

Pode alterar as suas preferências e recusar o armazenamento de certos tipos de cookies no seu computador enquanto navega no nosso site. Pode também remover todos os cookies já armazenados no seu computador, mas lembre-se de que a exclusão de cookies pode impedir o uso de determinadas áreas no nosso site.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são essenciais para fornecer serviços disponíveis no nosso site e permitir que possa usar determinados recursos no nosso site.

Sem estes cookies, não podemos fornecer certos serviços no nosso site.

Cookies funcionais

Estes cookies são usados para fornecer uma experiência mais personalizada no nosso site e para lembrar as escolhas que faz ao usar o nosso site.

Por exemplo, podemos usar cookies de funcionalidade para se lembrar das suas preferências de idioma e/ ou os seus detalhes de login.

Cookies de medição e desempenho

Estes cookies são usados para coletar informações para analisar o tráfego no nosso site e entender como é que os visitantes estão a usar o nosso site.

Por exemplo, estes cookies podem medir fatores como o tempo despendido no site ou as páginas visitadas, isto vai permitir entender como podemos melhorar o nosso site para os utilizadores.

As informações coletadas por meio destes cookies de medição e desempenho não identificam nenhum visitante individual.

Cookies de segmentação e publicidade

Estes cookies são usados para mostrar publicidade que provavelmente lhe pode interessar com base nos seus hábitos e comportamentos de navegação.

Estes cookies, servidos pelo nosso conteúdo e/ ou fornecedores de publicidade, podem combinar as informações coletadas no nosso site com outras informações coletadas independentemente relacionadas com as atividades na rede de sites do seu navegador.

Se optar por remover ou desativar estes cookies de segmentação ou publicidade, ainda verá anúncios, mas estes poderão não ser relevantes para si.

Mais Informações

Para qualquer dúvida sobre a nossa política de cookies e as suas opções, entre em contato conosco.

Para obter mais detalhes, por favor consulte a nossa Política de Privacidade.

Contato

Olá,

Chame-nos para conversar!