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Pequena e média empresa dá mais empregos e paga mais impostos


24/03/2015
Brasil
Diário do Comércio - SP

Enquanto a arrecadação diminuía no ano passado em todo o país em 1,9%, devido à queda da atividade econômica, no universo das micro e pequenas empresas (MPEs) houve crescimento nominal de 14% ou, descontada a inflação, de 7,5%.

E ainda: as MPEs foram responsáveis por gerar 3,5 milhões de empregos nos últimos quatro anos - ao contrário das grandes empresas, que perderam 280 mil postos de trabalho.

As duas comparações estão no discurso de Guilherme Afif Domingos, ministro da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, durante a posse, nesta segunda-feira (23/3) de Alencar Burti na presidência da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), para o próximo biênio, sucedendo a Rogério Amato.

Foi uma "troca de bastão", disse Afif, ex-presidente das duas entidades, sublinhando a sintonia entre ambos na defesa da representação do pequeno empreendedor. "A grande (empresa) se representa, faz suas reivindicações junto ao governo e consegue benefícios. Mas o pequeno precisa de representação na base", afirmou, ao se referir à ACSP-Facesp.

"Esse é o Brasil real que sustenta o emprego e renda, que precisa ser olhado. Mas ninguém sabe disso porque as manchetes esquecem de contar as histórias do andar de baixo da economia."

A aprovação de leis a favor do tratamento diferenciado às MPEs, o Simples Nacional e as "Caravanas da Simplificação" que percorreram o Brasil, e a implantação da figura tributária do MEI (Microempreendedor Individual), foram algumas das principais bandeiras das entidades, "conquistadas em conjunto com o legislativo", segundo Afif.

Mencionou também a campanha bem-sucedida De Olho no Imposto - que demonstra na nota fiscal o quanto de tributos o consumidor paga para "cobrar a realidade dos serviços prestados pelo governo."

"Conseguimos que lei fosse rapidamente sancionada pela presidente Dilma Rousseff, que afirma gostar de transparência, apesar da oposição da Receita Federal."

A próxima meta é a implantação do Bem + Simples, que facilita o fechamento de empresas "na hora", no balcão da Junta Comercial. Outra é a regulamentação do Simples Social, para facilitar a vida tributária das entidades de terceiro setor. "Quem está no comércio tem que trabalhar, e não falar de crise. Gerar emprego e renda é o nosso papel, e continuamos nessa luta."

BANDEIRAS DO VAREJO

Luiza Trajano, do Magazine Luiza, que esteve presente como representante do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo), da qual também é presidente, comentou a transição.

Ela elogiou a "belíssima gestão" de Rogério Amato e suas iniciativas voltadas para a mulher empreendedora, como o congresso realizado em 2014. Também afirma ter certeza que seu "amigo particular" (Burti) dará continuidade ao trabalho junto às MPEs e ao varejo.

Também mencionou a recente reunião de 15 entidades, que inclui a ACSP, lideradas pelo IDV, para lutar por bandeiras do varejo junto ao governo.

Outro ponto, segundo ela, é a simplificação tributária liderada pelo ministro Afif, que não presta serviços apenas às MPES, mas melhora o bottom line (resultado) de varejistas de qualquer porte.

"O varejo é o maior empregador do Brasil, e a união do setor é um salto, apesar das divergências e de concorremos com nossas lojas no mesmo quarteirão. Unidos, vamos trabalhar em ações para contornar esse momento de crise da melhor forma."

Já Ivan Hussni, diretor técnico do Sebrae-SP, lembrou do trabalho da ACSP e da Facesp para melhorar o ambiente das médias e pequenas empresas.

Também mencionou a manutenção do convênio Facesp-Sebrae, com foco em Gestão de MPEs, além das parcerias em congressos em missões nacionais e internacionais voltados ao empreendedorismo.

Com a troca de bastão, afirma, sai um grande empreendedor, Rogério Amato, e entra o Burti, ex-presidente do Sebrae-SP (agora substituído por Paulo Skaf, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

"Com sua experiência tremenda, o Alencar só fez aproximar as duas entidades", afirma.

A Boa Vista Serviços (BVS), que passou a administrar o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da ACSP na gestão anterior de Alencar Burti na entidade que ele voltou a dirigir nesta segunda, também tem boas perspectivas com a mudança, segundo seu presidente Dorival Dourado.

Para ele, essa é "uma volta à situação inicial", já que a decisão de criar a parceria entre ACSP e BVS se deve ao novo presidente. "Ela se mostrou superacertada para alinhar as ofertas à nova realidade do consumidor, além de aumentar a competitividade das empresas."

Dourado também citou a satisfação de continuar o trabalho de modernização da gestão Rogério Amato, alinhado não só às expectativas das MPEs, mas do mercado como um todo.

"Mesmo nesse cenário de crise, nossa oferta de serviços continuará servindo para empresas melhorarem seus resultados e tomarem decisões de risco baixo em um mercado complexo."

Para Roberto Mateus Ordine, primeiro vice-presidente da ACSP, apesar de 2015 ser um ano difícil e com a economia complicada, as entidades não deixarão de lutar pelos seus princípios, como a defesa da livre iniciativa e o estímulo ao empreendedorismo.

"Essa gestão será pautada pelo resgate do civismo", afirmou.


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