Utilitários Contábeis

Recuperação Judicial: O que levou ao recorde de pedidos em 2024 e como empresas podem evitar essa onda em 2025?


04/02/2025
Brasil
Dedução

Empresas estão no olho do furacão com a alta taxa de juros e a incerteza do mercado esse ano; especialista explica outras medidas para se evitar a recuperação judicial

O ano de 2024 foi marcado pelo alto índice de pedidos de recuperação judicial, que resultou num recorde de solicitações desde 2005. Os dados são do Indicador de Falência e Recuperação Judicial da Serasa Experian, que apontam 2.273 pedidos da medida no ano passado – um aumento de 61,8% em relação a 2023.

Mas o que levou esse recorde de pedidos de recuperação judicial? Para o especialista em reestruturação, gestão de crise e melhoria de performance e estratégia André Rocha, 2024 teve um aumento significativo que continuará em 2025 por conta de vários fatores. “No início do ano passado havia expectativa da Selic cair no segundo semestre abaixo dos dois dígitos, para algo em torno de 9%. Além de não cair, ainda aumentou, terminou em 12,25% com expectativa de aumento esse ano, o que pode impactar em mais pedidos”, analisa o especialista.

Para André Rocha, o mercado ainda sente os impactos deixados pela pandemia. “É a ressaca pós-pandêmica, ao contrário da expectativa, de 2020 a 2022 não tivemos aumento significativo nos pedidos de recuperação judicial porque os bancos estavam dispostos a fechar acordos, flexibilizar. Sem contar os auxílios emergenciais do Governo”, destaca ele.

Porém, a partir de 2023 os pedidos sofreram grande alta, com os bancos executando as dívidas e a retirada da ajuda do governo, somados ao aumento da taxa de juros e aumento dos custos de produção.

Pedidos no Agronegócio

Segundo dados da Serasa Experian, 426 produtores rurais atuantes como pessoa física solicitaram a medida nos primeiros nove meses de 2024, mais de cinco vezes o total registrado no mesmo período de 2023. Já os que atuam como pessoa jurídica, também no agronegócio, quase triplicaram: saltaram de 102 em 2023 para 299 em 2024.

“Com a ruptura nas cadeias produtivas durante a pandemia, os preços dos insumos agrícolas aumentaram muito e esse é outro fator, além do preço das comodities que também despencaram, o que levou a uma tempestade perfeita com queda de preços e faturamento, aumento de custos e, além disso, também teve o aumento do custo da dívida, que são os juros”, explica André Rocha, que também é autor do livro “O Combate à Fraude na Recuperação Judicial”, publicado pela editora Thomson Reuters.

Para esse ano de 2025, o especialista vê uma tendência de queda no percentual de pedidos em relação ao total ajuizado em 2024, nos pedidos de recuperação judicial no setor do Agro. “Embora a taxa de juros ainda vai permanecer em alta, o preço das comodities está sinalizando também uma alta, de um modo geral e irá seguir firme, o que vai ajudar o setor. Vejo uma tendência de queda, não acentuada, mas menos pedidos na relação ao total, eu acredito que sim.”

Outras medidas antes da recuperação judicial

Para André Rocha, a recuperação judicial deve ser encarada como a última alternativa de reestruturação, quando a crise já está em estágio bastante avançado e já não há como evitá-la. “Se o empresário agir preventivamente, mediante os primeiros sinais de desgaste, há outros meios menos traumáticos a serem adotados.”

Ainda de acordo com o especialista, a primeira alternativa a ser cogitada é o workout, em que consegue negociar com credores sem a necessidade de judicialização. “Acredito que esse ano será interessante para workouts, pois os bancos estão vendo que a taxa de juros está alta e estarão mais propensos a flexibilizar nas negociações, sob pena de levar a empresa para a RJ”, afirma ele, reforçando em especial nos créditos que não possuem garantia fiduciária com valor elevado.

As mediações também são positivas para tentar encontrar um acordo. “Se comprovar perante o juízo que foi instaurado o processo de mediação, o juiz dá uma decisão onde suspende as ações de execuções por 60 dias.”

A penúltima alternativa é a recuperação extrajudicial. “É um procedimento mais rápido, mais barato e com menor dano reputacional ao devedor.  E só no último caso, sim, o pedido de recuperação judicial”, finaliza André Rocha, que é sócio fundador da Triunfae, empresa especializada em turnaround e reestruturação.

Solvência patrimonial x dívidas

No caso do produtor rural, é muito comum encontrá-los com solvência patrimonial, ou seja, tem grandes patrimônios e uma dívida menor que os bens. “No momento de alta das commodities, esse produtor rural vai comprando terras e ficam sem caixa. É comum encontrarmos produtores, por exemplo, com R$ 400 milhões de patrimônio e sem dinheiro para pagar conta de luz”, explica André Rocha.

Ainda segundo o especialista, muitos produtores com alto patrimônio e pouca dívida, têm resistência em vender as fazendas, pois trazem a cultura de acumular patrimônio e por isso acabam optando pelo pedido de recuperação judicial, sob promessas milagrosas de assessores. “É um aspecto cultural, porque o produtor é muito resistente a vender terra, é uma cultura que vem do bisavô, de geração para geração”, finaliza ele.


O nosso site usa cookies

Utilizamos cookies e outras tecnologias de medição para melhorar a sua experiência de navegação no nosso site, de forma a mostrar conteúdo personalizado, anúncios direcionados, analisar o tráfego do site e entender de onde vêm os visitantes.

Centro de preferências de cookies

A sua privacidade é importante para nós

Cookies são pequenos arquivos de texto que são armazenados no seu computador quando visita um site. Utilizamos cookies para diversos fins e para aprimorar sua experiência no nosso site (por exemplo, para se lembrar dos detalhes de login da sua conta).

Pode alterar as suas preferências e recusar o armazenamento de certos tipos de cookies no seu computador enquanto navega no nosso site. Pode também remover todos os cookies já armazenados no seu computador, mas lembre-se de que a exclusão de cookies pode impedir o uso de determinadas áreas no nosso site.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são essenciais para fornecer serviços disponíveis no nosso site e permitir que possa usar determinados recursos no nosso site.

Sem estes cookies, não podemos fornecer certos serviços no nosso site.

Cookies funcionais

Estes cookies são usados para fornecer uma experiência mais personalizada no nosso site e para lembrar as escolhas que faz ao usar o nosso site.

Por exemplo, podemos usar cookies de funcionalidade para se lembrar das suas preferências de idioma e/ ou os seus detalhes de login.

Cookies de medição e desempenho

Estes cookies são usados para coletar informações para analisar o tráfego no nosso site e entender como é que os visitantes estão a usar o nosso site.

Por exemplo, estes cookies podem medir fatores como o tempo despendido no site ou as páginas visitadas, isto vai permitir entender como podemos melhorar o nosso site para os utilizadores.

As informações coletadas por meio destes cookies de medição e desempenho não identificam nenhum visitante individual.

Cookies de segmentação e publicidade

Estes cookies são usados para mostrar publicidade que provavelmente lhe pode interessar com base nos seus hábitos e comportamentos de navegação.

Estes cookies, servidos pelo nosso conteúdo e/ ou fornecedores de publicidade, podem combinar as informações coletadas no nosso site com outras informações coletadas independentemente relacionadas com as atividades na rede de sites do seu navegador.

Se optar por remover ou desativar estes cookies de segmentação ou publicidade, ainda verá anúncios, mas estes poderão não ser relevantes para si.

Mais Informações

Para qualquer dúvida sobre a nossa política de cookies e as suas opções, entre em contato conosco.

Para obter mais detalhes, por favor consulte a nossa Política de Privacidade.

Contato

Olá,

Chame-nos para conversar!